Páginas

21.6.07

A velha

Naquela rua havia uma casa,
De amarelo e rosa incendiada,
Por onde o carteiro, todos os dias, passava,
E para a janela sorria...

Da janela uma velha espreitava,
Tão velha quanto a casa era!,
Quando o carteiro passava,
Ela nada dizia,
Mas nos seus olhos uma vida se lia...

20.6.07

E quando anoitece
E a noite arrefece
Procuro abrigo na curva
Dos teus lábios.

Procurar

Não procuro mais porque não sei como,
mas sei sonhar que procurar é fácil,
decidir que saber se esconde nas memórias...

Quero mais mas não sei quando,
sinto demais sem esquecer como,
quando queria lembrar mais do que lembro.

Desvanece-se o sonho,
e doi não saber mais,
mas lembrar o que procuro...
Continua.

1.6.07

Quando basta o amor?


O tempo que nos cabe (ainda)

É dentro da cabeça,
lá dentro,
que o tempo nos consome
e nos faz falta.
Não há chuva morna
nem sol
que nos aqueça, quando
nos falta o sopro,
a luz, a cega fé que nos mantém
despertos, quando
por fora, o corpo
já anuncia a noite
mais profunda.
Por isso,
é dentro da cabeça,
cá dentro,
para lá dos céus,
antes que o mar termine,
nesta imensa confusão
de meridianos
que nos dói e nos deslumbra,
que se aloja o segredo
indecifrável:
a cor, o som, a luz
que nos conforta,
neste intensamente breve
instante
que é o tempo que nos cabe

António Mega Ferreira

Maria Turbina