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14.7.07

Longe de uma consciência tranquila
Dentro de um mundo frio e cruel
Sem um pingo de amor ou de vida
Bebe-se um amargo travo a fel
Tudo é vermelho e brilha
Ondula, parando só para destruir
A verdade numa pele fria
E o odor fresco do teu sorrir
Não há água, só um rio de lava...
No inferno só se grita de raiva, incontida;
As lágrimas são o castigo de quem paga
Por algo mais que uma triste vida...
Eu nada quero, senão ter-te
Não quero o céu, o inferno ou a morte
Na vida, ou com ela, ver-te
É mais do que espero, é mais do que sorte.
O destino é implacável e uniu-nos.
Bate a chuva quente na minha alma
E o sol espreita na minha inconsciência
Tudo luz no fundo da água calma
Nas profundezas de uma suave inocência
Ouço as palavras cair no papel
E o sorriso, apaga as suas cores frias
De dor, amargas, sabor a fel
Lavam-se de mim, não são minhas.
Deixo a dor ir na corrente,
Aqui, entre o céu e a terra...
O rio é mudo, mas inconstante,
Liberta a mágoa que o corpo encerra.
Mas a vida continua...
Não congela nestes vagos momentos.
O olhar perde-se para além da lua
Apaga-se a dor no esquecimento.