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2.11.06

Sinto uma tempestade dentro de mim
Uma névoa densa que me envolve
Chuva fria que me engole
Fogo breve que me consome

Aqui no fim de mim
Algo se destrói e desaparece
Nem a chuva apaga, nem o fogo aquece
O frio perdura
A vida foge e esquece
De mim nada nasce…

6.10.06

A escuridão envolve-me
E a estrada em que sigo parece rir de mim
O meu amor cegou-me
Não me deixa ver além de ti.
Adormeço feliz com a minha amargura
De saber que estou aprisionada
Acordo e a sensação perdura
Choro, por estar apaixonada.
Queria morrer por não te ter
Sou cobarde e fujo disso
Mas não me importo de sofrer
Só para continuar a lembrar o teu sorriso...

19.7.06

Ausência

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
Sophia de Mello Breyner Andresen

11.7.06

Se no Céu morreu uma estrla
Essa estrela fui eu...
De amor louco e sofrido
Levado e torturado pelos sentimentos
Rasgado em noites frias e ardentes...
Vejo cair-te, a dor, sobre mim
Definhar nos teus olhos sombrios
E apagar-se no meu sorriso.
Como fui eu que amei, sem ti,
Onde estás loucura de mim?
Ficas quieto; nem respiras palavras,
Só sentes a ternura fluir... É tão bom ter-te só meu
Momentos breves, mas sem fim!
Não me perco assim, em ti...
Esqueço-me, leve, da dor que já sofri.
Nada importa... mas ter-te aqui.

26.5.06

Sonhei

A loucura é como uma labirinto,
Uma ténue névoa de sentimento descontrolado.
Sonhei que atravessava esse estado
E entrava num mais distinto...
Na ideia de amor esqueci a inocência...
Procurei-a no contorno do silêncio
Mas, afinal, encontrei apenas um sofrimento imenso
Que destrói, como fogo, a minha essência.
Essência de mulher intocável
Que mesmo feita de pureza e sedução,
Não esconde a enganadora ilusão
De uma rebeldia indomável.
No final do labirinto encontro uma chama
Que arde para quem ama
Mas que, para mim, apenas se apaga.
Quando nada existia, existia o Amor:
e quando nada mais restar, restará o Amor.
Ele é o Primeiro e o Último.
Ele é a ponte da verdade; está acima de tudo quanto é possivel dizer-se.
É o companheiro no ângulo do Túmulo.

31.3.06

Cheguei á conclusão que VIVER é uma constante luta interior...
É o não saber chegar sem nunca ter partido... e mesmo assim querer que alguem nos vá esperar à estação.
Não sei que parte de mim anda perdida, racional ou emocional... Mas sei que nos meus laivos de lucidez elas se encontram e se sentam a conversar...

18.1.06

Aqui...

O Amor não existe.
Apagou-se na perversidade dos nossos sonhos... Crueis e frios como espadas,
escuros e vermelhos de sangue impuro que corre nas veias dos que matam.
O Amor foi roubado.
Toda a inocência de um gesto quente, a sinceridade de uma lágrima de dor, e por amor;
tudo o que se escondia nos corações bons, tudo desapareceu.
Nada aqui pode viver. Nada aqui pode nascer.
Não há sol, nem lua, ou estrelas para indicar o caminho do riso e da alegria.
Só terra..,. e noite escura e ingrata que nos arrefece.
A chuva não molha... queima, despe a alma e cega os sorrisos de felicidade.
Aqui nada há. Amor. Inocência. Vontade de viver.

11.1.06

A primeira semana...

Uma semana passou desde a minha chegada á ilha Terceira...
O que dizer? É diferente de tudo o que alguma vez conheci... as sensações que me provoca, os pensamentos que me traz e sobretudo a excitação de descobrir uma cidade desde o inicio... sem ser com intuitos turísticos. Quando vivemos desde que nascemos na "nossa" cidade não nos damos conta do que conhecemos, do que temos, dos lugares comuns; agora, para mim, é totalmente diferente: eu estou a conhecer aquela que vai ser a "minha" cidade por algum tempo (mas que não vai substituir a "minha" Coimbra), a descobri-la aos poucos, com atenção, expectante com tudo o que "ela" me possa trazer e já com o sentido crítico e abertura de alguém que pode comparar o incomparável e alegrar-se com as diferenças!, boas ou más, que possam surgir...
Posso dizer que já conheço algumas "coisitas": sei onde fica o centro cultural de Angra, onde tenho acesso gratuito á net (e com excelentes condições!), ver "o" filme semanal, apreciar exposições; sei onde fica a biblioteca municipal, com serviço de empréstimo de livros (sim!, já tenho cartão); os correios; a caixa geral de depósitos; a Cáritas, onde o Filipe trabalha; o Modelo (é mais caro que aí...); algumas lojas (tive que comprar hoje um guarda-chuva e na semana passada umas botas pretas rasas - sim, isto é tudo a subir!); e uma pastelaria que está aberta de noite e com bolos fantásticos!
Além disto, as pessoas são muito simpáticas, e á falta de "gajas" para falar sobre nada, entretenho-me a falar com a senhora da sapataria, das finanças ou do cabeleireiro (já fiz cá uma vez manicure... a melhor que alguma vez me fizeram!, apesar de ser cara...).
Depois existe o gato, mais conhecido por senhor Pico, que é ao mesmo tempo um amor e uma peste! Ando toda arranhada! Mas é delicioso tê-lo a pedir mimos de manhã quando acordo...
No fundo acho que me posso habituar a viver aqui por algum tempo, apesar das saudades horriveis que sinto de todos os que adoro, de ter que andar a pé para todo o lado e principalmente não ter ainda nada em concreto para fazer (já me candidatei a montes de coisas cá, agora é só esperar e talvez começar a fazer algum voluntariado na Cáritas).
Finalmente, viver rodeada de mar é muito bom, o ar é puro, as paisagens lindas e é bom acordar e poder espreitar para as vaquitas no terreno da frente...
Enfim... Espero visitas de todos a esta cidade pequena, mas acolhedora, para verem com os próprios olhos...